- O jovem coreógrafo Rafael Vitorino que supera as dificuldades no município de Tavares, com aproximadamente 5 mil habitantes, e consegue manter um trabalho de dança vigoroso e de inclusão social.
- A Rainha Ginga, do Maçambique de Osório, Francisca Dias, recebendo a coroa de sua neta e mantendo um tradição que passa de geração a geração.
- Os brincantes do Boizinho da Praia de Cidreira, com o mestre Ivan Therra, recuperando a arte popular quase perdida.
- A Oficina de Dança Renata Guimarães, um centro de excelência em balé e dança contemporânea, em Santo Antônio da Patrulha, que forma e exporta talentos.
- A qualificada produção coreográfica do premiado CTG Estância da Serra de Osório, que mostra que dançando se faz história e faz a cultura gaúcha brilhar no exterior.
- A Professora Preta, de Tramandaí, e sua “herdeira” Mariana Rocha, conseguindo fazer que a dança esteja presente e pulsante nas escolas públicas, numa paixão que passa de mãe pra filha.
- Cora Ferraz que transita entre o balé e dança cigana conquistando o público em Cidreira mobilizando tanto crianças quanto o público da terceira idade.
- Três décadas de trabalho em prol da dança da incansável Téia de Carlo, em Torres.
- O pionerismo de Marli Bublitz que há anos vem plantando sementes no ensino do balé que frutificaram em Osório
- A experiência multicultural de Robson Cavalheiro, de Tramandaí, que transita com desenvoltura pelo tradicionalismo gaúcho, pelo carnaval e pela dança de salão, buscando firmar posição para o profissionalismo da dança com a Escola Baillarium.
- A história do Maçambique de Osório na pesquisa cuidadosa e envolvente do professor Iosvaldyr Carvalho Bitencourt Junior.
- O empreendedorismo exitoso de Rafael Stenzel, em Osório, multiplicando instrutores de dança de salão e fazendo grandes eventos que qualificam a formação em dança na região.
- A diferenciada situação de Capão da Canoa que tem uma profissional da dança concursada, Jaqueline Lima e que garante inúmeras das ações na área cultural do município com o projeto Projeto ArtDance.
- O esforço do Piquete Rodolfo João Fernandes para reconstruir o telhado de sua sede que o ciclone levou.
- Como a dança mudou a vida dos integrantes do Street Rappers, de Capão da Canoa, resgatando vínculos e o sentido de pertencimento desses/as jovens.
- Como o grupo de dança Maturidade Ativa do Sesc resgatou a vitalidade, a esperança e motivação de seus participantes.
- A iniciativa da Fabynha Brasil que consegue mobilizar mais de 150 alunas em Nova Tramandaí, colocando pra dançar sem medo de enfrentar os ritmos e o embalo das coreografias no projeto Dança para Todos.
- A pequeninas bailarinas da Grand Jeté Escola de Dança e Música espalhando dança pelas avenidas de Capão da Canoa com pompa e circunstância.
- O CTG Querência de Imbé dando aula de história e de posicionamento quanto a dançar, valorizar e respeitar a diversidade cultural dentro do tradicionalismo gaúcho.
- As danças urbanas chegando na periferia de Tramandaí e se espalhando pela cidade com o empenho de Claiton Ramos, da CA DANCERS.
- Estúdio Paula Schreck levando múltiplas linguagens da dança a Torres.
- Vivi Mantovani empoderando as mulheres através da dança em Imbé.
- Grupo Arco Íris com senhoras dispostas a fazer e acontecer no pequeno município de Balneário Pinhal.
- O trabalho cuidadoso no ensino do Estúdio de Dança Rafaela Ferreira, em Torres.
- CTG Cel. Chico Borges em ações inclusivas que fazem das danças tradicionalistas um elo para crianças e jovens terem oportunidades diferenciadas.
- A aposta de Tati Missel, que deixa a atuação em importantes grupos da capital para criar seu Estúdio de Dança em Imbé e acreditar em estabelecer redes de compartilhamento e trocas.
- Espaço Marrakech em Torres levando o ensino e arte das danças orientais para o extremo norte do litoral.
- CTG Piazito do Litoral e a tradição familiar de paixão pela dança em Cidreira.
- O K pop que encanta jovens ganhando espaço com o trabalho de Ananda Ache, da CA Dancers.
- A tradição gaúcha mantida e garantida no jovem munícipio de XANGRI-LÁ com a invernada do GTC 20 de Setembro.
- As primorosas criações coreográficas do CTG Patrulha do Rio Grande, de Santo Antônio da Patrulha, dançando entre a fonte imperial.
- Lila Ribeiro literalmente sambando por sobre as ondas e traduzindo como o cenário litorâneo inspira seu dançar.
- Como Kaiky Lima Engers que tão jovem segue os passos da mãe e já é professor no Estúdio de dança Jaqueline Lima – rede oito tempos.
- A aposta de ampliar os caminhos para as danças tradicionais gaúchas do PTG Bocal de Prata de Osório.
- O talento em pontas das jovens Julia Oscar Destro, de Osório e Luiza Provenzi Caetano, de Santo Antônio da Patrulha.
- Fabiane Tagliari e sua encantadora dança aérea que mostra que a arte não tem limites, levando às alturas alunas, alunos no seu estúdio ou na APAE onde começou sua decisiva trajetória de entender que a dança é sim pra todos.
Interrompo aqui para explicar que são muitos e muitos mais os motivos que fazem o documentário UM MAR DE DANÇA – cartografias do litoral norte um filme cheio de atrativos e atributos. Atuei no projeto como consultor voluntário, porque enxerguei nele uma rara oportunidade de ver histórias valiosas que não ganhavam voz, nem corpo. Como professor de história da dança venho me preocupando mais com as histórias que estão escondidas, perdidas, invisibilizadas, subtraídas das narrativas sobre a dança em nosso país. E, portanto, esse documentário é um valioso e fundamental material de registro e estudo.
O documentário está dividido em um mar de histórias, um mar de diversidades, um mar de possibilidades, um mar de desafios e um mar de transformações. E com essa estrutura consegue permitir a escuta de cada um desses e dessas protagonistas que fazem acontecer frente a tantas adversidades. Em quase uma hora de documentário vamos sendo levados por esse litoral e suas danças, vamos conhecendo seus fazeres, suas conquistas, suas desilusões, suas soluções, suas angústias. É informativo e afetuoso na sua construção.







Um mar de danças foi contemplado no Edital Sedac nº 09/2020 Produções Culturais e Artísticas com recursos da Lei Aldir Blanc. Além de identificar a diversidade e pluralidade cultural dos artistas e coletivos que promovem a arte da dança na região, a iniciativa incrementou a cadeia produtiva da dança gerando oportunidade de trabalho para profissionais locais e ainda articulando uma rede de agentes culturais. A idealização do projeto é do NIDI (Núcleo Imagem e Dança de Imbé) que é resultado da parceria do Estúdio de Dança Tati Missel e do coletivo Pomar Poético idealizado pelo artista Marcelo Cabrera (Porto Alegre/ Imbé). O Projeto teve a produção de Jane Carvalho/ RRPP Eventos, direção de vídeo de Fernando Muniz/ Moov.art e contou com a colaboração voluntária da professora Luciana Paludo (UFRGS).
Poderia seguir aqui com mais alguns bons motivos para chegar perto dos 150 que calculei, número de envolvidos no projeto e, por isso, cada um com pelo menos um bom motivo para se conhecer, reconhecer e descobrir essas trajetórias. Como quando as professoras confidenciam a falta de apoio do município, a falta de um teatro para se apresentar, a triste espera por um palco que muitas vezes só parece em um evento municipal como a Festa do Peixe. Quando Renata Guimarães conta como construiu um entendimento de dança na cidade que só conhecia dança tradicionalista gaúchas e hoje é entusiasta das produções de balé, jazz e dança contemporânea. Como quando o diretor Rafael Vitorino pede: “Mais cultura, menos armas”. Quando Niuza Gonzales, do Sesc Maturidade Ativa declara “a dança me resgatou. A gente vai fazendo os passos, a música vai entrando no nosso coração, no nosso corpo e a gente vai se desprendendo, vai se soltando. Quando eu via eu estava flutuando como se fosse uma bailarina mesmo. Isso que a dança faz. E eu vou dançar pra sempre”. Ou quando Preta, Francisca Dias, do Maçambique de Osório nos mostra com sua sabedoria ancestral que dar à luz tem o movimento das águas do mar, “essa maré de dança é como quando a gente vê de dentro da gente rebentando uma bolsa pra gerar um filho e esse filho se torna uma onda” pra banhar o mundo de vida e dança.
De lambuja o documentário traz ainda a trilha de abertura e encerramento do grupo Tribo Maçambiqueira, de Osório, com duas canções que não poderiam traduzir melhor a atmosfera da dança feita no litoral: A laguna e o mar e Mar aberto. O documentário também conta com uma versão acessível, com audiodescrição (AD), legendas para surdos e ensurdecidos (LSE) e janela de Libras (JL).
Os demais e muitos motivos quem assistir possivelmente vai encontrar dentre esses e muitos outros que estão ali para nosso deleite. Só mergulhar nesse mar de dança e começar e enumerá-los.
MUNICÍPIOS DO LITORAL NORTE E GRUPOS PARTICIPANTES
IMBÉ – Estúdio de dança Tati Missel, CTG Querência do Imbé, Piquete Rodolfo João Fernandes, Estúdio Vivi Dance
BALNEARIO PINHAL: Grupo Arco Íris
TRAMANDAÍ – C.A Dancer’s, AB Evolution da E.E.E.M Assis Brasil, Grupo de Dança da E.M.E.F Cândido Osório da Rosa, Studio de Dança Lila Ribeiro, Grupo de Dança SESC Maturidade Ativa de Tramandaí, Baillarium Escola de Dança
NOVA TRAMANDAÍ – Projeto Dança para todos, de Fabynha Brasil
SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA – Oficina de Dança Renata Guimarães, CTG Cel. Chico Borges, CTG Patrulha do Rio Grande
OSÓRIO – Escola de Dança Rafael Stenzel, Flutua Dança Aérea, Estúdio de Arte e Dança Marli Bublitz, Grupo Maçambique de Osório, PTG Bocal de Prata, CTG Estância da Serra
TORRES – Centro Cultural Inge & Margot, Estúdio Paula Schreck Dança e Movimento, Estúdio de Dança Rafaela Ferreira, Espaço Marrakech
CIDREIRA – Grupo de Folclore Praieiro Boizinho da Praia, Escola de Dança Cora Ferraz, Amigos Amigos Associação Cidreirense do Idoso, CTG Piazito do Litoral
TAVARES – Cia de Dança Vitorino
CAPÃO DA CANOA – Grand Jeté Escola de Dança e Música, Projeto municipal de dança ArtDance, Estúdio de dança Jaqueline Lima – rede oito tempos, Street Rapper’s
XANGRI-LÁ – GTC 20 de Setembro