E cadê a Iracema?

Uma caixa de papelão e um penacho. Parece pouco, mas foi o suficiente para despertar a atenção e curiosidade do público infanto juvenil que estava na plateia do Teatro de Arena de Porto Alegre para assistir ao espetáculo Iracema, solo da bailarina cearense Rosa Primo, na programação do Palco Giratório. E cadê a Iracema? A … Continue lendo E cadê a Iracema?

fake bodies não encantam não

Pela primeira vez a escrita parece pouca depois de assistir Encantado, da coreógrafa Lia Rodrigues. Então a tentativa é a de abandonar as sintaxes e deixar fluir tudo que me foi me encantando: colcha de retalhos esconderijo disfarce turbantes casulos vestes mortalhas berço espectros andarilhos santas orixás guaranis meretrizes brotos botões flores devastação veados onças … Continue lendo fake bodies não encantam não

“Só a arte pode transformar a nossa vida”: porque no Festival de Dança das escolas de Imbé, todos saem ganhando

Qual a medida de alguém sair vencedor? É a premiação e o reconhecimento sempre limitado a alguns poucos? E se a gente ajustasse a lente e percebesse tudo que se sai ganhando, independente da pontuação, e entendesse como vitória tudo que se produz de melhor na gente e no mundo ao nosso redor? Nesse sentido … Continue lendo “Só a arte pode transformar a nossa vida”: porque no Festival de Dança das escolas de Imbé, todos saem ganhando

Cárcere: teatro para invocar as forças que parecem nos faltar

Ontem o Porto Alegre Em Cena teve uma noite memorável no palco do Theatro São Pedro com a apresentação do Cárcere ou porque as mulheres viram búfalos, da @ciateatroheliopolis, que ainda tem sessão hoje, às 20h.Imperdível para quem gosta de teatro, e para todos que não se conformam com as injustiças que se naturalizam e … Continue lendo Cárcere: teatro para invocar as forças que parecem nos faltar

Cinema na beira: outros circuitos de produção e exibição no litoral norte do Rs

A sessão do filme Duas cruzes realizada na quinta-feira dia 16 dentro do projeto "Cine Bah!obah - Cinema ao ar livre", em Imbé, foi mais do que uma atração em meio à programação de folia do carnaval que se aproximava. Foi uma singular e relevante experiência para as dezenas de espectadores que acompanharam a exibição … Continue lendo Cinema na beira: outros circuitos de produção e exibição no litoral norte do Rs

Mímese Cia de Dança-Coisa: 20 anos de coisas que ainda pedem vez e lugar

foto: Marcelo Cabrera "tudo o que existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea". Essa é a definição de coisa, encontrado no dicionário. E por isso encerro 2022 fazendo um necessário tributo aos 20 anos de um grupo de dança que se ousou chamar-se "coisa". Ousou, porque no nome afirma sua ética e sua … Continue lendo Mímese Cia de Dança-Coisa: 20 anos de coisas que ainda pedem vez e lugar

Água redonda e comprida: para (re)conhecermos as cenas subtraídas do nosso imaginário e da nossa história

"Água redonda e comprida", contemplado no edital (Re)-Volta da Dança 2022 é um resultado de parceria inédita de co-produção do Centro Municipal de Dança da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa com o Goethe-Institut Porto Alegre e foi apresentado dia 3 de novembro. Além de trazer uma inciativa importante de fomento à produção local, … Continue lendo Água redonda e comprida: para (re)conhecermos as cenas subtraídas do nosso imaginário e da nossa história

Dança, consciência negra e educação: as (boas) lições no litoral norte

Manhã ensolarada de um sábado com calor e mar de águas claras. Dia perfeito para curtir a beira mar e o que se viu foi um ginásio cheio de estudantes para apresentar e ver danças e na véspera do dia da Consciência Negra. Danças que tratavam da diversidade e identidade cultural do nosso país e … Continue lendo Dança, consciência negra e educação: as (boas) lições no litoral norte

Transforma, ecoando sua dança há 35 anos

“Ecos” é uma releitura da obra homônima que foi apresentada pela Transforma Cia de Dança em 1993 e que volta aos palcos para comemorar a trajetória de 35 anos do grupo. Uma história marcada pela valorização da linguagem do jazzdance na capital gaúcha, formando gerações de excelentes bailarinos e bailarinas como Peter Lavratti, Marcela Reichelt, … Continue lendo Transforma, ecoando sua dança há 35 anos

Embriaguez dionisíaca pouca é bobagem: Grupo Cerco traz excelência,crítica e diversão

Coisa que sempre me fascinou no mito grego de Dionísio foi seu aspecto divino que não era algo inacessível, e nos rituais com música, dança e uma boa cota de alguma bebida alcoólica, no caso o vinho, podia sentir-se tão poderoso quanto o próprio deus. Por isso não à toa seu vínculo com a celebração … Continue lendo Embriaguez dionisíaca pouca é bobagem: Grupo Cerco traz excelência,crítica e diversão

De Profundis – Epístola: In Carcere et Vinculis: quando já não resta nada

Levar ao palco o texto De profundis, Oscar Wilde é uma corajosa, necessária, densa e extremamente entusiasta escolha de Dilmar e Gabriel Messias, em tempos de pós-pandemia(?!) e de um país e mundo de retrocessos conservadores por todos lados. E por isso restam apenas duas apresentações imperdíveis no Teatro Renascença da Porto Alegre invernal. Foi … Continue lendo De Profundis – Epístola: In Carcere et Vinculis: quando já não resta nada

CFI Os Gaúchos: tradição que se renova e encanta

No dia 29 de abril, em comemoração ao Dia Internacional da Dança pude voltar a assistir no palco o Conjunto Folclórico Internacional Os Gaúchos no Teatro Renascença. A ocasião por si só já estaria revestida de relevância cultural. Tínhamos a reabertura de um espaço público municipal extremamente importante. Tínhamos a data que internacionalmente se comemora … Continue lendo CFI Os Gaúchos: tradição que se renova e encanta

A arte e a cura de todos nós

https://youtu.be/oXUAcz3sF-g Assisti ao espetáculo Cura, da Cia Deborah Colker na última quinta-feira, 17, em sessão especial para projetos artísticos e sociais, permitindo jovens e artistas conferirem gratuitamente o espetáculo. Essa apresentação mobilizou mais do que uma apreciação estética. Foi minha primeira ida ao teatro desde o começo da pandemia. E, portanto, impossível avaliar o impacto … Continue lendo A arte e a cura de todos nós

Eva Schul: múltiplas personas dançantes para começar o ano em grande estilo

https://youtu.be/3rObXDNVfLc O ano começa bem, em dose dupla, com as muitas personas dançantes da coreógrafa Eva Schul. No sábado dia 15 tivemos a esteia de Persona - Estudos de criação em obras coreográficas, composta por duas performances: AUTOIMAGEM, com Geórgia Macedo e Viviane Lencina e MACHO HOMEM FRÁGIL, com Eduardo Severino. O projeto teve o … Continue lendo Eva Schul: múltiplas personas dançantes para começar o ano em grande estilo

Destaques CenaTXT POA: produções audiovisuais de dança

Aproxima-se o final de mais um ano e surgiu a proposta de fazer um balanço da produção audiovisual de dança em Porto Alegre nos últimos meses. A pandemia fez crescer a quantidade de produções que ficou até difícil acompanhar e até mesmo identificar produções que merecem ser vistas e revistas. Algumas consegui destacar por aqui, … Continue lendo Destaques CenaTXT POA: produções audiovisuais de dança

A gente (e a cena) precisa não morrer

Espetáculo Dura Máter, de Bruna Gomes, que integra a Mostra Web Açorianos de Dança. Foto: Clovis Dariano Em tempos de pandemia que se prolongou por mais tempo do que gostaríamos e imaginássemos, levando amigos, familiares, conhecidos, o mais importante é nos mantermos vivos. Não há futuro, cobranças, melhoras, exigências a serem feitas para atuação na … Continue lendo A gente (e a cena) precisa não morrer

de repente todo mundo está fazendo videodança. E aí?

frame do videodança Lunares Essa constatação e indagações geradas têm ganho mais espaço num ano como esse de 2020 em que a produção audiovisual virou uma ou quase que exclusiva alternativa para muitos profissionais, grupos, companhias e coletivos de dança. E afinal o que isso significa? Homogeneização? Democracia? Diversidade? Globalização? Inovação? Mesmice? Saturação? Exclusão? Inclusão? … Continue lendo de repente todo mundo está fazendo videodança. E aí?

O meio intelectual ainda suspeita dos que dançam? Por quê?

imagem do espetáculo "e se nos calam", de Driko Oliveira/cia jovem de dança de Porto Alegre Pensa rapidamente. Num seminário para discutir a cultura contemporânea você encontra algum escritor/a? Provavelmente. E algum bailarino/a ou coreógrafo/a? Provavelmente não. Num debate sobre questões políticas e sociais você costuma ver a participação de algum escritor/a? Algumas ou muitas … Continue lendo O meio intelectual ainda suspeita dos que dançam? Por quê?

Os olhos vêem mas tá míope o coração: a hora e a vez de Suely Machado

Das gratificantes surpresas que todo esse contexto on-line nos trouxe, garimpo aqui a sútil e comovente performance Projetando Memórias, que a coreógrafa mineira Suley Machado nos presenteou no dia 8 de setembro na programação do #emcasacomosesc. Tudo tem início com aquele corpo de mulher em seu quarto, partilhando uma intimidade entre travesseiros e espelhos. Cada … Continue lendo Os olhos vêem mas tá míope o coração: a hora e a vez de Suely Machado

Aulas on-line de dança: para se permitir outros (bons e necessários) fazeres

Com o começo da pandemia elas foram uma alternativa meio improvisada com cara de quebra galho. Professores e escolas começaram a fazer uso na sua maioria sem saber muito bem como usar as ferramentas disponíveis ou mesmo adaptar metodologias. Cada um fazendo o que era possível. E sim, vou repetir, porque algumas coisas só repetindo … Continue lendo Aulas on-line de dança: para se permitir outros (bons e necessários) fazeres

Dança, crises, participação e representação: enfim chegamos ao mapeamento estadual

Momentos de crise são sempre momentos não só de pesares, mas, via de regra, momentos de grande mobilização que pode representar ou trazer mudanças importantes e significativas. Em tempos de pandemia que tanto afetou em cheio atuação profissional no segmento da dança, estamos podendo perceber isso como aconteceu em outros momentos históricos de crise. E … Continue lendo Dança, crises, participação e representação: enfim chegamos ao mapeamento estadual

O (bom) teatro de Vera Karam, agora na sala de casa

Quando todo esse processo de isolamento e quarentena começou em Porto Alegre, levei um tempo para processar essa mudança em relação à cena que saiu de cena abruptamente. Demorei um pouco para aceitar, começar a entender e acompanhar a nova cena que se configurava virtualmente, e me interessar nesse ethos midiático da cena que se … Continue lendo O (bom) teatro de Vera Karam, agora na sala de casa

Ainda essa tal de dança contemporânea?

Em 2005 publiquei um texto no qual tentava tratar do entendimento da dança contemporânea, originalmente na extinta Revista Aplauso (nº 70), a convite do jornalsita Daniel Feix. O texto foi partilhado no ano seguinte no site idança.net (http://beta.idanca.net/esta-tal-de-danca-contemporanea/). E de lá pra cá foram mais uma centena de comentários, partilhas, retorno de professores universitários e … Continue lendo Ainda essa tal de dança contemporânea?

Sobre dividir percepções e puxar conversa

O CENA.TXT chegou a mais de 2 mil visualizações nso seus dois meses de existência e só hoje ultrapassou 600 visitas daqui e do México, Argentina, Espanha, Egito, Portugal, Estados Unidos, Equador, França, Itália, Reino Unido. O que deve ser bastante irrisório para digital influencers e youtubers pra mim é suficientemente alarmante. Não pelo valor … Continue lendo Sobre dividir percepções e puxar conversa

Protocolo elefante: sobre o que não está ali

Demorei um pouco para aceitar o que acontecia durante apresentação de Protocolo Elefante, grupo Cia Cena11, ontem, no Teatro Renascença, dentro do da programação do Festival Porto Alegre Em Cena. Ou melhor, o que não acontecia, pois não conseguia formular claramente o que sentia ou pensava. E não era por deficiência da encenação. É que … Continue lendo Protocolo elefante: sobre o que não está ali

Porque às vezes é preciso a gente deixar as cadeiras de praia e descer até o mar

Fui assistir no início da temporada a Paisagem Marinha, de Edward Albee, no Teatro Renascença e logo na primeira cena temos aquele casal Nancy e Charlie ali sentados nas suas  cadeiras de praia a observar a vida. E foi inevitável estabelecer essa relação. A gente ali também sentado a observar a vida, coisa que o … Continue lendo Porque às vezes é preciso a gente deixar as cadeiras de praia e descer até o mar